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terça-feira, 3 de junho de 2008

E.E - Aula 10 - Escolha Estratégica sob a perspectiva orgânica

por Marcella Santos

Os assuntos referentes às escolhas estratégicas podem ser vistos sob a ótica mecânica, constituída por modelos conceituais, explicativos e prescritivos ou sob uma perspectiva orgânica, que entende a estratégia como uma coordenação de adaptação de metas e ações, além da integração entre organização, ambiente e desempenho.
A primeira consiste em várias teorias baseadas em recursos, capacidades e estruturas, vistas como uma postura e um plano. Os modelos e suas suposições compartilhadas reforçaram um ao outro mutuamente, facilitando a comunicação, a geração de idéias. Mas, suas suposições simples e prescritivas serviam para mercados estáveis e previsíveis. Seu caráter estático, linear e fragmentado tornou a perspectiva mecânica questionável. Com as mudanças do cenário mercadológico, o advento de novas idéias fez surgir uma visão inspirada nas ciências sociais e naturais. O foco da escolha estratégica se voltou para mudanças estratégicas, dando mais importância às diversas variáveis e para a realidade.
Idéias orgânicas representaram diferentes concepções epistemológicas referentes a tempo, fluxos e modelos. O tempo antes discreto e sincrônico focalizava um momento particular, prestando pouca atenção a passado e futuro. Agora, numa visão orgânica faz parte de processos contínuos e sucessões iteradas, não se baseia em suposições. O mesmo ocorre com o conceito de fluxo, linear e com eventos seqüenciais, passa a ser não linear e dinâmico. Os modelos prescritivos fundados por conceitos da microeconomia deram lugar a modelos que realçam o processo e o aprendizado. Mudanças, conflitos, interdependência são questões atuais que preocupam as empresas, por isso suposições orgânicas parecem ter uma atração natural, já que reflete uma avaliação crescente da complexidade e natureza interdisciplinar de estratégia e mantém continuidade ao que constrói, em vez de rejeitar.
O modelo mais utilizado para definir a potencialidade estratégica de uma empresa é o de análise de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, conhecido como Análise SWOT. A Análise da Cadeia de Valor, da concorrência e competências não são mais que partes desse processo total de avaliar forças e fraquezas como variáveis absolutas. O SWOT é mecânico e tendeu a se transformar em um exercício insustentável que pergunta aos gestores o que pensam. É um erro supor que estes têm sempre as informações e o conhecimento que permite perceber, por exemplo, uma força estratégica. O julgamento da importância de um fator é influenciado pelas percepções daqueles que têm maior poder. Algo positivo pode ser supervalorizado e outro negativo abandonado, quando poderia ser apenas efeito e não causa. O contexto de uma análise é decisivo para o sucesso de um modelo, que deve ser encarado como ponto de partida.
A estratégia dentro do paradigma atual provém de métodos formais? Pode ser ensinada? Sob uma perspectiva orgânica não existe modelo que desenvolva estratégias brilhantes, estas são realizadas em um horizonte a longo-prazo e podem ser modificadas. O pensamento estratégico é uma arte, e como tal deve ser julgado e analisado, não é mecânico e nem pode ser feito artificialmente, depende de criatividade, imaginação, intuição e planejamento. A chave da estratégia é a experiência, ou seja, somente o tempo pode ensinar o que e como fazer, já que não existem situações que se repitam de forma idêntica.

HUSSEY, David. Company Analysis: Determining Strategic Capability. Strategic Change. 11: 43-52(2002)
HUFFMAN, Brian. What Makes a Strategy Brilliant? Business Horizons. V. 4, NA, July/aug.200l: 13:20.
FARJOUN, Mosh. Towards an Organic Perspective on Strategy . Strategic Management Journal. 23: 561-594 (2002)

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