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terça-feira, 8 de abril de 2008

E.E - Aula 4 - O Príncipe - Maquiavel



O Príncipe
Maquiavel por


Carlos da Silveira/Roseane Grossi
Marcella Santos/Gleidson Reis

Contexto Histórico

Renascimento
Durante os séculos XV e XVI intensificou-se, na Europa, a produção artística e científica.Na Idade Média a vida do homem devia estar centrada em Deus (teocentrismo) e nos séculos XV e XVI o homem passa a ser o principal personagem (antropocentrismo).A razão e a natureza passam a ser valorizadas com grande intensidade.Os homens renascentistas, principalmente os cientistas, passam a utilizar métodos experimentais e de observação da natureza e universo.A ilegitimidade do poder gera situações de crise de instabilidade permanente.
Virtù e Fortuna
O cálculo político, a astúcia e a ação rápida e fulminante contra os adversários são capazes de manter o príncipe.Esmagar ou reduzir à impotência a oposição interna, atemorizar os súditos para evitar a subversão e realizar alianças com outros principados constituem o eixo da administração.A visão temporal de Maquiavel é traduzida por meio da Fortuna – o acaso, o tempo, o curso da história, a necessidade natural. Porém, os homens de ação não somente podem, como devem tomar as rédias do tempo. O destino pode ser compreendido como a insegurança da vida política em situações onde o poder não conta com a legitimação.Para ele a Fortuna não é de todo imprevisível e imaginável. O homem é visto como um agente de seu destino, um ser dinâmico que, pelos atos presente, é capaz de intervir no curso das coisas e precaver-se quanto ao futuro. Existe um adjetivo que sintetiza este potencial ao homem da política: Virtude.A Virtude significa o agir com consciência e sabedoria, ou seja, imprimir, através do conhecimento e da experiência, a forma desejada à Fortuna. É a qualidade de um homem, de um político, de perceber a situação que está se formando, traçar uma estratégia e responder a ela, em momento oportuno. É o comportamento estratégico e o agir em tempo.A Virtude é exatamente a qualidade de alguns homens que lhes permite prever o mal e remediá-lo em tempo. Mas remediar a tempo exige saber perceber o momento de fazê-lo. Quando agir? Eis o conceito de ocasião.A ponte entre virtude e Fortuna é a ocasião. O homem de virtude sabe perceber a realidade e apreender o momento exato de empreender a ação estratégica. Maquiavel explicita a irrevogabilidade da ocasião, a necessidade de agarrá-la no instante em que se apresenta. A ocasião sem virtude de nada vale e a virtude sem ocasião.
CAPÍTULOS

I De quantas espécies são os Principados e quantas são as maneiras em que se adquirem

Os domínios acrescidos aos hereditários estão acostumados, ou a viver submetidos a um príncipe, ou a serem livres, sendo adquiridos com tropas de outrem ou com as próprias, bem como pela fortuna ou por virtude.
II Os principados hereditários
A atenção somente para os principados e como devem ser eles governados e mantidos. Quando o soberano legítimo tem menos motivos e menor necessidade de ofender seus súditos, é natural que seja por estes mais querido; e se não tem defeitos extraordinários que o torne odiado, é perfeitamente natural que o povo lhe queira bem.
III Os principados mistos
Quando se conquistam territórios numa província com língua, organização e costumes diferentes, deparam-se as dificuldades, e neste caso são necessários o favor da sorte e a posse de grande habilidade para mantê-los.Uma das melhores e mais eficientes medidas seria que o príncipe que o conquista fosse habitá-los.Outra medida eficaz seria instalar colônias num ou dois pontos que sejam estratégicos no estado conquistado.Outra possibilidade seria a manutenção de tropas, porém gasta-se muito mais, tendo-se de despender com as guarnições tudo que do estado ocupado se retira. De modo que a conquista se torna perda e se ofende muito mais.
IV A razão pela qual o reino de Dario, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a morte deste
Principados têm sido governados de duas formas diversas: ou por um príncipe, que tem seus servidores e divide o reino em províncias, às quais envia seus servidores para administrá-las; ou por um príncipe e por barões, os quais, não por graça do soberano, mas por antigüidade de sangue, possuem o grau de nobreza.É mais difícil conquistar um reino em que o governo é exercido exclusivamente por um soberano, mas havendo conquistado-o é mais fácil mantê-lo. Ao contrário, é mais fácil conquistar um reino em que os nobres, dotados de prerrogativas das quais o rei não pode privá-los, governam ao lado do príncipe. Mas uma vez conquistado, seria difícil manter a conquista.O governo de Dário se assemelhava ao governo dirigido unicamente por um soberano.
V De que modo devem-se governar as cidades ou os principados que, antes da conquista, possuíam leis próprias
Quando conquista-se Estados habituados a viver com suas próprias leis e em liberdade, existem três modos de conservá-los:1 - arruiná-los;2 - ir habitá-los pessoalmente;3 - deixá-los viver com suas leis, Não existe modo seguro para conservar tais conquistas, senão a destruição. Caso contrário, espere ser destruído por ela, porque a mesma sempre encontra, para apoio de sua rebelião, o nome da liberdade e o de suas antigas instituições, jamais esquecidas seja pelo decurso do tempo, seja por benefícios recebidos. Nas repúblicas há mais vida, mais ódio, mais desejo de vingança; não deixam nem podem deixar esmaecer a lembrança da antiga liberdade: assim, o caminho mais seguro é destruí-las ou habitá-las pessoalmente.Quando as cidades ou as províncias estão acostumadas a viver sob um príncipe e esta linhagem é extinta, dificilmente chegam a um acordo na escolha de alguém para governar, não sabem viver em liberdade. Sendo assim, pode o príncipe vencê-las e delas apoderar-se.
VI Os principados conquistados com as próprias armas e qualidades pessoais
Quanto aos novos domínios, onde há um novo soberano, será mais ou menos fácil conservá-los segundo a maior ou menor virtude de quem o adquirir. E como o indivíduo que se torna príncipe, pressupõe ter valor ou boa sorte, pareceria que uma dessas duas coisas contribuísse para diminuir as dificuldades. Os que têm sido menos afortunados se mantiveram melhor.Para examinar perfeitamente, é necessário verificar se os inovadores são independentes ou não. Se para executarem suas obras precisam pedir ajuda a outrem, sempre falham. Se dependem dos próprios meios, raramente falham.
VII Os principados novos conquistados com as armas e virtudes de outrem
Os que se tornam príncipes exclusivamente pela sorte, empregam nisso pouco trabalho, mas só a muito custo se mantém na nova posição. São os que recebem o poder em troca de dinheiro ou pela graça alheia. Há uma completa dependência da sorte e da vontade dos que tornaram possível sua ascensão ao poder, ambas qualidades muito volúveis e estáveis. Essas pessoas não sabem e não podem manter-se no poder, porque, a não ser que tenha um grande engenho e valor, é razoável que não saibam comandar, já que viveram sempre como cidadãos comuns e não dispõem de forças subordinadas por laços de amizade e fidelidade.
VIII Dos que conquistaram o principado com malvadez
Pode-se tornar príncipe ainda por dois modos que não podem ser atribuídos totalmente à fortuna ou à virtude, que não devem ser silenciadas, ainda que de um deles se possa mais amplamente cogitar em falando das repúblicas. Estes são, ou quando por qualquer meio criminoso e nefário se ascende ao principado, ou quando um cidadão privado torna-se príncipe de sua pátria pelo favor de seus concidadãos. A diferença reside no uso adequado ou não da crueldade. Existem casos daqueles de que a usaram bem uma só vez, com o objetivo de se garantir, sem dar continuidade, substituindo-as por medidas benéficas.É preciso observar que, ao tomar um estado, o conquistador deve definir todas as crueldades que necessitará cometer, e praticá-las de uma só vez, evitando ter que repeti-las a cada dia; assim tranqüilizará o povo, ao não renovar as crueldades, seduzindo depois com benefícios.
IX O principado civil
Outro caso é o cidadão privado que, não por meio de crimes ou de outras intoleráveis violências, mas com o favor dos seus concidadãos ascende ao principado de sua pátria. Não se depende de valor ou sorte, mas da astúcia afortunada. Utiliza-se ou o apoio do povo, ou da aristocracia.O povo deseja não ser dirigido e nem oprimido pelos grandes, e os grandes querem dirigir e oprimir o povo. Desses dois anelos diferentes manifesta-se um desses três efeitos: 1 – Principado; 2 – Liberdade;3 – Desordem.Um príncipe prudente deve procurar meios pelos quais seus súditos necessitem sempre do seu governo, em todas as circunstâncias possíveis, fazendo assim com que sempre sejam fiéis.
X Como medir as forças de todos os principados
O Estado é tão grande e forte que possa, precisando, manter-se por si mesmo (por abundância de homens e de dinheiro), ou não podem combater seus inimigos, e são forçados a se refugiar no interior de seus muros.Neste último caso, não há nada que se possa dizer, a não ser que aprovisionem e fortifique suas cidades sem se preocupar com as terras ao redor.
XI Os principados eclesiásticos
Todas as dificuldades, para os Estado eclesiásticos, se situam no período que precedem suas conquistas. Conquistados com o mérito ou com a sorte, nenhum nem outra são necessários para conservá-los, pois são sustentados por antigos costumes religiosos.Tão fortes e de tal qualidade são estes que permitem aos príncipes se manterem no poder qualquer que seja sua conduta e modo de vida. Só estes príncipes podem ter estados sem defendê-los e súditos sem governá-los; e seus Estados, mesmo sem ser defendidos, não lhes são tomados.
XII Os tipos de milícias e os soldados mercenários
É necessário a um príncipe ter bons fundamentos: boas leis e as boas armas, do contrário, necessariamente, cairá em ruína. E, como não pode haver boas leis onde não existam boas armas, e onde existam boas armas convém que haja boas leis, reportarei apenas às armas.As armas com as quais um príncipe defende o seu Estado, ou são suas próprias ou são mercenárias, ou auxiliares ou mistas. As mercenárias e as auxiliares são inúteis e perigosas e, se alguém tem o seu Estado apoiado nas tropas mercenárias, jamais estará firme e seguro, porque elas são desunidas, ambiciosas, indisciplinadas, infiéis; ousadas entre os amigos, covardes perante os inimigos; não temem a Deus nem são leais aos homens.A experiência demonstra que só os príncipes e as republicas armadas, obtém grandes progressos, pois as forças mercenárias só sabem causar danos, e também que uma republica que tem exércitos próprios se submeterá mais dificilmente ao domínio de um dos seus cidadãos, do que uma república com armas mercenárias.
XIII Das tropas auxiliares, mistas e nativas
As tropas auxiliares, pedidas a um vizinho poderoso como ajuda para a defesa do Estado são tão inúteis quanto as mercenárias.Um príncipe prudente evitará sempre tais milícias, recorrendo a seus próprios soldados; preferirá ser derrotado com suas próprias tropas a vencer com tropas alheias.Nenhum príncipe pode ter segurança sem seu próprio exército, pois, sem ele, dependerá inteiramente da sorte, sem meios confiáveis de defesa quando surgirem dificuldades.
XIV Dos deveres do Príncipe para com suas tropas
A arte da guerra mantém no poder além daqueles que nasceram príncipes, os homens comuns. A causa principal da perda dos Estados é o fato de negligenciar essa arte, e a maneira de conquistá-lo é ser bem versado nela.Os príncipes nunca devem permitir que seus pensamentos afastem dos exercícios bélicos; exercícios estes, que devem praticar na paz mais ainda que na guerra. São duas as formas, primeiro pela ação física, mantendo seus homens bem disciplinados e exercitados, e praticar sempre a caça. Segundo a fim de exercitar o estudo. O príncipe deve estudar a história e as ações dos grandes homens, observando como se conduziam.
XV Das razões pelas quais os homens, e sobretudo os Príncipes, são louvados ou vituperados
Tanta diferença existe entre o modo que se vive e o modo em que se deveria viver, que aquele que se preocupar com o que deveria ser feito , em vez do que se faz, antes aprenderá a própria ruína, do que a maneira de se conservarE um homem que desejar fazer profissão de bondade, mui natural é que se arruíne entre tantos que são perversos, é preciso a um príncipe, para se conservar, que aprenda a poder ser mau e que se utilize, ou deixe de se utilizar disso, conforme a necessidadeMaquiavel diz que o homem se faz notável pelas qualidades que lhes trazem reprovação e louvor. Seria bom que um príncipe possuísse apenas as boas qualidades, mas a condição do homem é tal que não permite nem sua posse completa, nem sua prática consistente. Então ele deve evitar os vícios e praticar virtudes que consolidem a garantia do governo, da segurança e do bem-estar.
XVI Da liberdade e da parcimônia
“a liberalidade usada para que se espalhe a sua fama de liberal não é virtude; se ela se pratica de modo virtuoso e como se deve, será ignorada e não escaparás da má fama de seu contrário”“é mais prudente ter fama de miserável, o que acarreta má fama sem ódio, do que, para obter fama de liberal, ser levado a incorrer também na de rapace, o que constitui infâmia odiosa”“é possível seres muito mais pródigo com o que não te pertence nem aos teus súditos, pois gastar o dinheiro alheio não rebaixa, pelo contrário, eleva a fama; gastar o seu próprio isso sim é mau”O príncipe deve cuidar de suas finanças, para não ser visto como gastador e levar o povo à pobreza, abusando dos impostos para manter-se rico. Os príncipes devem ser generosos com seus soldados, para garantir a fidelidade e motivação de suas tropas. Melhor é ser visto como miserável, assim poderá ser generoso quando bem entender, e o povo não se importará com isso. XVII Da crueldade e da piedade se é preferível ser amado ou temido
É melhor um príncipe ser temido do que amado, evitando sempre o ódio, sendo que o temor de uma punição faz os homens pensarem duas vezes antes de trair seus líderes. A morte de um bandido apenas faz mal a ele mesmo, enquanto a sua prisão ou o seu perdão faz mal a toda a comunidade. O líder deve ser cruel quanto as penas com as pessoas, mas nunca no caráter material “as pessoas esquecem mais facilmente a morte do pai, do que a perda do patrimônio”.
XVIII De que maneira devem os príncipes guardar a fé da palavra empenhada
O governante nunca deve deixar transparecer sua dissimulação. Não é necessário, a um príncipe, possuir todas as qualidades, mas é preciso parecer ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso já que as vezes é necessário agir em contrário a essas virtudes, porém é necessário que esteja disposto a modelar-se de acordo com o tempo e a necessidade.
XIX Como evitar o desprezo e o ódio
Maquiavel defende que o príncipe faça coisas para não ser odiado, como não confiscar propriedades, não demonstrar avidez ou desinteresse.“Os homens em geral vivem satisfeitos, contanto que não percam bens nem honra”
XX Se as fortalezas e muitas outras coisas cotidianas usadas pelos príncipes sejam úteis ou inúteis
Explica como o líder deve controlar e o que deve fazer para manter seu povo feliz, mantendo distância dos bajuladores, e controlando seus secretários.
XXI Como um príncipe deve agir para ser estimado
Grandes empreendimentos: Fazer algo grandioso, fusões, aquisições, produtos revolucionários, comportamento de líder.
Oportunismo: Atitudes que se comentem, grandes punições ou gratificações.Atitudes para chamar atenção da imprensa.
Nunca ser neutro: sempre tome partido em uma encruzilhada, definição de novas tecnologias, posição sobre questões legais, lançamento de novos produtos.Incentivar o desenvolvimento de talentos, também mantê-los ocupados com festas e eventos.
XXII Dos secretários que acompanham o príncipe
Seleção e recrutamento estratégico
Sabedoria julgada por aqueles que o cercam 3 tipos de cérebro: - Entende por si próprio - Entende pelos outros - Não entende de jeito nenhum
Método infalível de detectar assistentes fiéis: analisando o pensamento (controle do conteúdo de e-mails e de conversas on-line- messenger, dentre outras).
XXIII Como evitar os aduladores
Miopia na estratégiaAduladores, confirmam os erros, são inúteis.Solução: Pessoas que dizem a verdade só quando é solicitado pelo príncipe.Nunca demonstrar que vacila nas decisões, não voltar atrásDiretoria confiável, um corpo que assiste o CEO
XXIV Porque os príncipes da Itália perderam seus Estados
O capítulo explica porque os príncipes italianos perderam seus estados e como fazer para que isso não aconteça. Quando se é atacado, deve-se estar preparado para defender e nunca se deve “cair apenas por acreditar encontrar quem te levante” já que isso só irá acontecer se os invasores forem falhos.
XXV Quanto pode a fortuna influenciar as coisas humanas e como se pode resistir a ela
Resultado final: 50% Sorte divina / 50% Ação planejadaA má sorte procura lugares que não há resistência para poder agir Falência de empresas que não há planejamento administrativoPode-se adquirir a riqueza através de vários perfis psicológicos Não existe tipo ideal de profissionalÉ melhor ser impetuoso do que cauteloso, sorte é mulher e é necessário subjugá-la, espancá-la para mantê-la submissa.
XXVI Exortação para retomar a Itália e libertá-la dos bárbaros
Como tomar a Itália e como se manter na linha entre a fortuna e Deus dizendo que os líderes devem adaptar-se ao tempo em que vivem, para manter-se no poder por mais tempo.

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