Bem-vindos

Muitas pessoas gostariam de fazer um mestrado e seguir a carreira acadêmica, mas não fazem idéia do que é a rotina de um mestrando. Aqui poderão conhecer um pouco mais.

terça-feira, 17 de junho de 2008

E.E - Aula 11 - Estratégia como Prática Social

por Marcella Santos

Diante das dificuldades em se estabelecer um conceito único de estratégia que contenha todas as perspectivas, surgem contradições sobre o que é e como fazer. Considerar a estratégia como prática social significa entendê-la como um processo flexível e baseado no livre pensamento. Ela não pertence somente às organizações ou aos indivíduos, é uma prática social desenvolvida por pessoas, onde os atores sociais são os verdadeiros estrategistas.
Whittington (2006) argumenta que não sabemos muito sobre o que os estrategistas fazem no dia-a-dia, para ele seria preciso descobrir quem faz a estratégia, como se faz e através do que. Existem duas questões a serem analisadas: as divergências ontológicas e epistemológicas (estratégia deliberada ou emergente, formal ou informal etc.) e se na prática os estudo que vêm sendo realizados são relevantes. Com a abordagem da estratégia como prática esses conflitos parecem ser atenuados.
A estratégia tem sido considerada o alcance de objetivos a longo-prazo, utilizando para isso modelos, normalmente limitados. Essa postura cartesiana preocupa àqueles que a consideram como um estado da arte e não ciência. A idéia dos atores sociais desenvolvendo essa arte foi uma busca às ciências sociais, principalmente com Bourdieu e Certeau. O que demonstra a falta de embasamento teórico na área da administração.
Um processo de aprendizado, este pode ser o ponto principal da estratégia na prática, com isso a atenção deve ser voltada para a rotina dos estrategistas, pessoas comuns que realizam suas atividades na empresa e todos os elementos que os envolvem.
As interações sociais precisam ser analisadas em seu contexto e a identificação de como e quando ocorrem essas inter-relações e conhecimentos compartilhados entre os atores.
A formulação, implementação e controle da estratégia é uma visão estática de como realizá-la, nos moldes Norte-Americanos baseado no modernismo. Os estudos europeus buscam o pós-modernismo, mais amplo e próximo ao campo e à prática, dá mais ênfase a ação e ao movimento. Essa linha teórica ainda tem muito a desenvolver, aspectos como Visão Baseada em Recurso e Capacidades Dinâmicas contribuíram para a estratégia e não pode ser ignorado, outro ponto é discutir como as pesquisas na prática serão realizadas.
Reconhecer que a estratégia é um processo que envolve pessoas, cultura, artefatos, competências, relações de poder que não se limita às organizações, modelos, quadrantes, razão, é um passo importante no estudo da administração. Saltar de um nível macro para um micro sugere priorizar pensamentos, atitudes e relações em detrimento das instituições e políticas, embora devam coexistir. A estratégia deve ser atribuída aos praticantes e não às organizações. Eles irão narrar seu cotidiano, interação, comunicação, sua forma de fazer as coisas, sem imposição preestabelecida de como fazer. Os pesquisadores acadêmicos precisam entender a lógica de analisar essa prática, que é diferente da utilizada antes, na visão acadêmica existe uma certa ordem e regras para demonstrar um fato que pode não ser eficiente nesses caso.

Nenhum comentário: